Por Diego L. S. Navia e Daniel Vidal Pérez |
A criação de animais silvestres representa uma ameaça à biodefesa, recapitulando os surtos de zoonoses que acompanharam as primeiras domesticações há 12 mil anos atrás. Caçadores que são feridos por sua presa, ou no seu processo de coleta, facilitam a transmissão dessas doenças, assim como a troca de fluidos durante o manuseio e a falta de higiene e regulação nos mercados. Aproximadamente, 60% das infecções humanas possuem origem animal e, das novas e emergentes, 75% são multiespécies. Além disso, 80% dos patógenos que afetam os animais incluem, ocasionalmente, os humanos. Antrax, tuberculose bovina, brucelose, raiva, febre do Lassa e tripanossomíase são alguns exemplos.
Impactos em segurança e defesa: A ameaça biológica traz consigo a possibilidade de milhões de mortes, além de bilhões de dólares em perdas econômicas – cifra que pode aumentar exponencialmente em caso de pandemias. Ainda assim, não há um plano estratégico nacional abrangente para a biodefesa, tampouco há orçamento direcionado a esse objeto.
Indicadores: Quase seis milhões de toneladas de carne de origem selvagem são consumidas na América Latina e na África Central, representando 48g/dia/indivíduo, em contraposição aos 34g/dia consumidos de animais domésticos. Das 8.000 propriedades rurais analisadas em 24 países da América Latina, África e Ásia, 39% abatem animais selvagens.
Fonte: RANDOLPH, D. G. Preventing the Next Pandemic. United Nations Environment Programme, 2020. Disponível em: https://reliefweb.int/sites/reliefweb.int/files/resources/ZP.pdf